sábado, 12 de maio de 2012

Reportagem - Para acabar com o abandono na EJA


Para acabar com o abandono na EJA
Algumas iniciativas adotadas pela equipe gestora podem fazer com que jovens e adultos não desistam de estudar
Marcelo Andrade (novaescola@atleitor.com.br). Com reportagem de Anderson Moço, de Niterói, RJ, Beatriz Santomauro, de São João do Oeste, SC, e Paola Gentile, de Silves, AM

      A Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil convive historicamente com um alto índice de evasão. Dos 8 milhões de pessoas que frequentaram o curso até 2006, 42,7% não chegaram a terminá-lo, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007. As razões para esse índice ser tão alto vão desde a incompatibilidade entre o horário das aulas e o trabalho até a metodologia, que não respeita as especificidades desse aluno. Na tentativa de diminuir esses números, o governo federal tem ampliado, nos últimos anos, os investimentos no setor, com destaque para a inclusão da EJA no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, o Fundeb, e nos programas de escolha de livros didáticos e repasse de verba para a alimentação escolar. As políticas públicas têm um papel fundamental na garantia desse direito e na melhoria do cenário. No entanto, iniciativas dos gestores também podem contribuir - e muito - para reduzir a evasão.

      A EMEF Reginaldo de Souza Lima, em Paragominas, a 306 quilômetros de Belém, por exemplo, repensou seu projeto político-pedagógico para manter os adultos na escola depois de constatar, por meio de uma pesquisa feita com os alunos em 2008, que a rotina do trabalho era o principal motivo das faltas. "Os empresários exigem escolaridade dos funcionários, mas nem sempre os ajudam a conquistá-la", afirma o professor de Matemática Carlos Alberto Tourinho, idealizador da pesquisa. Com base nos resultados, a direção adotou uma série de medidas, como flexibilizar o horário de entrada na sala de aula e propor datas alternativas para as provas quando os alunos não podem ir por motivos de trabalho. Além disso, a equipe gestora também entrou em contato com empresários do setor de transporte para que ampliassem a oferta de linhas de ônibus em locais próximos às escolas no período noturno. O resultado positivo das mudanças fez com que elas fossem adotadas por todas as escolas da rede que têm turmas de EJA por determinação da Secretaria Municipal de Educação.

A EJA NO MUNDO DIGITAL



  
1- INTRODUÇÃO
  
   O aprendizado exige o uso de novas tecnologias capazes de revolucionar o sistema educacional. O uso adequado das tecnologias pelos docentes, faz delas potencialidades imprescindíveis ao ensino-aprendizagem.     
     As TICs são chamadas as tecnologias da Informação e Comunicação, multiplicam as possibilidades de pesquisa e informação e a relação com a sociedade.
     Os alunos vivem a comunicação virtual ou pelo menos anseiam realizar essa atividade e quando o professor usa as TICs  como aliada ele consegue ter a atenção dos educando e criar um ambiente favorável para a aprendizagem.
     Muitos estudos mostram a escola pouco atraente para os jovens e até mesmo os adultos que vem de uma tradição educacional com quadro e aula simplesmente expositiva eles percebem a necessidade de adequar ao uso dessas tecnologias que os impedem de realizar inúmeras atividades como até mesmo a de assistir um filme ou retirar o pagamento do banco. Inserir esses estudantes no mundo digital  é devolver-lhes a dignidade e o direito que lhes foi negado no decorrer de sua existência.
     A escola precisa atender a nova clientela ou pelos propiciar que ela esteja inserida na sociedade com suas necessidades. Os alunos querem uma escola produtora e para isso ela precisa vencer a inércia que se encontra saindo da posição expectadora.
     Na perspectiva de atender e capacitar os alunos para viver em harmonia com as TICs, é necessário implantar um projeto que entenda as necessidades dos jovens e adultos e direcione a atender seus interesses e perspectivas.
     Esse projeto terá como objetivo um resgate na vida social e posteriormente uma válvula de escape para um novo mercado de trabalho.
     Para que se consiga transformar/melhorar a educação em nossas escolas necessitamos de várias ações que provoquem no educando impacto significativo em suas vidas.
    Pretendemos com esse projeto introduzir aos educandos da EJA no mundo das tecnologias, fazendo com que estes se apropriem dos conhecimentos necessários para lidar com o computador, a internet e percebam as possibilidades abertas para que atinjam um novo patamar de conhecimento, que hoje se apresenta como componente fundamental para conseguirmos nos inserir em determinadas áreas do mercado de trabalho.




2- REFLEXÕES SOBRE O ASSUNTO

            Alguns fatos que vem acontecendo no mundo nos conduzem a mudanças em relação ao ensino tradicionalista dentro das escolas e as novas estratégias/práticas que podemos adotar para que não continuemos na mesmice e consigamos atrair cada vez mais nossos alunos para a sala de aula.
As várias transformações que vem acontecendo nas sociedades trazem muitos desafios, verificando o homem do campo a necessidade de acompanhá-las e dominá-las para se sentir capaz de participar da sociedade atual, que  vem sofrendo mudanças sobretudo no mundo do trabalho. Muitos de nossos alunos almejam uma vida mais digna, com menos sacrifício e tentam ir embora das propriedades rurais, mas quando chegam nas cidades esbarram na falta de conhecimento, capacitação nas tecnologias atuais.
A difusão das novas tecnologias, que hoje se tornou uma ferramenta básica, para a nossa sociedade, vem sofrendo mudanças de várias formas e que se destacam, sobretudo no mundo trabalho.
Como é evidente, esperamos que os nossos alunos sejam aprendizes capazes de caminhar por conta própria no mundo das tecnologias, ficando a escola como espaço para essa operacionalização, como um espaço para a produção de novas práticas que possibilitem a interação entre homens e as mudanças que se operam no seu meio social, através do desenvolvimento de competências técnicas individuais.



2- O PROFISSIONAL

         O profissional deve se capacitar, evoluir, mas sem perder suas características pessoais. Deve valorizar os sentimentos e emoções do educando, tornando visíveis nossos valores, atitudes e idéias.
        A formação profissional nessa nova tendência é fundamental, pois esse tipo de informação não é encontrado nos cursos atuais, ficando a cargo do profissional cuidar do seu crescimento pessoal e intelectual.
        O desejo de aprender do educador motiva aos outros o desejo de aprender. Um educador com credibilidade e visão construtiva da vida contribuem muito para que os alunos queiram aprender e se aceitem melhor.
         Nas sociedades em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, a grande maioria dos indivíduos encontra-se fora das condições de competitividade dos mercados, sem possibilidades imediatas de se integrar neste novo padrão de competência.
         Ademais, o modelo de escola existente, reproduz ainda os padrões de formação típicos das necessidades postas pelo mundo industrial e que submetem o conjunto dos processos educativos escolares ao imediatismo da formação técnico-profissional restrita, quando atualmente, as demandas são por competências desenvolvidas a partir de conceitos ou categorias como: flexibilidade; trabalho em equipe; multi-habilitação; policognição; polivalência e formação abstrata.
         Muitos precisam de capacitação mais rápida e de fácil acesso se tornando viável a capacitação a distância, que para seu manuseio usa a informática como ferramenta principal. Adequar a esse novo mercado é essencial para manter-se atualizado e inserido socialmente, visto que, a informática está crescendo também no ramos das comunicações.
     Moran acredita que o profissional precisa de algumas diretrizes básicas para ser um excelente profissional:
·         Crescer profissionalmente, atento a mudanças e aberto à atualização.
·         Conhecer a realidade econômica, cultural, política e social do país, lendo atenta e criticamente jornais e revistas impressos e na internet.
·         Participar de atividades e projetos importantes da escola.
·         Escolher didáticas que promovam a aprendizagem de todos os alunos, evitando qualquer tipo de exclusão e respeitando as particularidades de cada aluno, como sua religião ou origem étnica. Surpreender, cativar, conquistar os estudantes a todo momento.
·         Orientar a prática de acordo com as características e a realidade dos alunos, do bairro, da comunidade.
·         Participar como profissional das associações da categoria e lutar por melhores salários e condições de trabalho.
·         Utilizar diferentes estratégias de avaliação de aprendizagem – os resultados são a base para elaborar novas propostas pedagógicas. Não há mais espaço para quem só sabe avaliar com provas.


3- AS TECNOLOGIAS NO ENSINO

        A comunicação digital está aproximando as pessoas em tempo real e agilizando a aquisição de informações, tornando-se essencial a manipulação desta ferramenta como auxiliar na busca de informações atualizadas e de fontes diversificadas.
       A tecnologia ajuda a melhorar o desempenho das atividades já realizadas e para os alunos é usada como ferramenta de apoio como: navegação em ambientes de dados, programas de textos, planilhas e ambientes virtuais de aprendizagem.
     Os alunos já são familiarizados com o ambiente virtual tornando mais fácil combinar os momentos em sala de aula com atividades de pesquisa, comunicação e produção a distância.
      A webquest é uma boa interação entre professor e alunos, que pode ser de conhecimentos gerais ou dado em sala de aula.
     As escolas informatizadas estão abertas para o mundo, ocorrendo uma grandiosa interação entre profissionais, alunos e demais interessados em conhecer e avaliar essa instituição.
     As ferramentas no uso da internet são muitas e variadas, tornando as aulas diversificadas e atrativas.








4- O PAPEL DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO


      A tecnologia deverá assumir um papel duplo na escola. Em primeiro lugar, deverá ser uma ferramenta para facilitar a comunicação entre profissionais dentro do ambiente da escola e também aos pesquisadores ou consultores externos, facilitando a presença de suporte virtual desse sistema dentro da escola em segundo lugar, a tecnologia permitirá a realização de uma pedagogia que proporcione a formação dos alunos, possibilitando o desenvolvimento de habilidades que serão fundamentais na sociedade do conhecimento. É importante deixar claro que somente a inclusão da tecnologia da escola não é indicação de mudança. O fato de o aluno usar o computador para realizar tarefas (agora bem apresentadas, coloridas, amimadas, etc.) Não é indicação de que ele compreendeu o que fez.
     A qualidade da interação aprendiz-objeto, descrita por Piaget, é particularmente pertinente no caso do uso da informática e de diferentes softwares educacionais. Do mesmo modo que não é o objeto que leva à compreensão, não é computador que permite ao aluno entender ou não um determinado conceito. A compreensão é fruto de como o computador é utilizado e de como o aluno está sendo desafiado na atividade de uso desse recurso. Essa mudança é muito mais complicada e os desafios são enormes. Porém, se eles não forem atacados com todos os recursos e energia que nós, educadores, dispomos, corremos o risco de ter que nos contentar em trabalhar num ambiente obsoleto e em descompasso com a sociedade atual.


5- EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, NOVAS TECNOLOGIAS E FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

        As perspectivas para a Educação a Distância na formação continuada da atualidade são altamente promissoras e plenas de desafios, sobretudo para os educadores e todos os envolvidos com a formulação de políticas públicas e planejamento educacional. De início, pode-se afirmar que o segmento da educação denominado Tecnologia da Educação passa por profundas transformações resultantes dos avanços ocorridos no campo da tecnologia de informações e comunicações, o que, simplesmente, fortalece a Educação a Distância. Esta tem suas origens no ensino por correspondência e se destinava inicialmente a exercer um papel meramente complementar ao sistema formal. Agora desponta como um recurso de impressionante força, capaz de produzir mudanças radicais no mundo da educação, quer sob aspecto metodológico, quer sob o aspecto de democratização da educação.
        Quanto à Educação Continuada, é bom lembrar que o Código de Ética das Profissões sempre exigiu de seus credenciados atenção especial em relação a iniciativas de atualização. Hoje, face à velocidade da mudança e a verdadeira evolução provocada no mundo das telecomunicações, atualizar-se passou a ser algo praticamente compulsório para todo e qualquer profissional. No campo dos educadores e, mais especificamente, dos professores brasileiros, entretanto, as melhorias ocorridas no campo da disponibilidade e organização de dados estatísticos demonstram que o problema é mais crítico.
       Na corrida para acompanhar as transformações que se operam fora de seus muros, a Escola, mais uma vez, revela-se defasada se comparada com as iniciativas desenvolvidas no ambiente das grandes corporações comerciais e industriais.


6- A INTERNET E A ESCOLA

          O  excepcional avanço do uso da Internet vem demonstrando claramente os impactos que ela pode provocar e, de maneira geral, vem mesmo provocando em diversos setores de uma sociedade globalizada. No Brasil, o número de usuários da internet aumenta de maneira expressiva. Nas escolas brasileiras, especialmente nas públicas, o uso desse recurso ainda é reduzido, apesar da maioria delas estarem devidamente equipadas com artigos de informática.
          A nossa escola, fundamentalmente, ainda continua uma prática baseada num paradigma instrucionista, preocupando-se apenas com a transmissão dos conteúdos, pelo professor-emissor e a demonstração de domínios desses conteúdos, pelo aluno-receptor. Como, de maneira geral, os professores ainda carecem de uma formação mais adequada para imaginar e levar a cabo atividades de uso mais significativo do computador, a tendência, sem muitas surpresas foi a do uso da internet como fonte de informação para as famosas “pesquisas” escolares.
         Através da Internet, um aluno pode acessar muito mais fontes de informações do que na biblioteca de sua escola. Mas há de se observar que é também uma biblioteca sem controle, que oferece dados e informações das mais diferentes formas e da mais variada qualidade e confiabilidade. Essa questão pode ser bem explorada pelo professor. Capacidade crítica é uma competência a ser desenvolvida e matérias disponíveis na Internet podem servir como objeto de análise pelos alunos e pontos para discussão em aulas.
        Não podemos nos esquecer que esse tipo de “pesquisa”na Internet daria ao aluno oportunidade de estar enganando o seu professor ao criar textos que são meras colagens. Indo a várias fontes, cuja origem fica com a identificação mais difícil e com os recursos dos browsers que lhe permitem, através de operações de copiar e colar, juntar textos de terceiros, o aluno poderá fazer com que passem como sendo de sua produção, textos que na realidade são de outros. Ele poderá trapacear sem muitas dificuldades.
        Nessa perspectiva, entendemos que muito mais interessante, em princípio seria o uso da Internet como um ponto focal de pesquisa numa aprendizagem baseada em problema ou em projeto.
       


7- BIBLIOGRAFIA

 
BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais – Introdução. Secretaria da Educação Fundamental, Brasília, DF: MEC/SEF. 1998. 174p.


BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais – Tema Transversais. Secretaria da Educação Fundamental, Brasília, DF: MEC/ SEF. 1998. 436p.

BELLONI, Maria Luiza. Tecnologia e formação de professores rumo a uma pedagogia pós-moderna? Educação & Sociedade. Campinas; CEDES, ano XIX, n° 65, dez. 1998, pp. 143-162.


MELLO, Guimar Namo. Cidadania e Competitividade – Desafios Educacionais do terceiro Milênio. Cortez Editora, São Paulo, 2002.

MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá. Papirus editora, São Paulo, 2007.

MORAN, José Manuel e Marcos T. Masetto. Novas Tecnologias e mediação pedagógica Papirus editora, São Paulo, 2007.